terça-feira, 16 de julho de 2013

Gozo do pecado

Pra mim não existe tempo.
Só o preciso momento
Para o prazer e o alento.
Na minha lei da física,
Cabem dois corpos no mesmo espaço,
Seja na cama, ou no chão do terraço,
Muito gozo, muito cansaço...
Você expira, sua,
Inspira a alma crua
A continuar liberta
Mudana, aberta...
Liberta que serás também!
Porque quem gosta de Maçã, jamais dirá Amém...
O fruto do pecado só poderia ser doce,
Doce como a mão que afaga,
Amarga como a que pega a foice,
que corta o barato de nós amantes
Que curtimos os instantes
Buscando o gozo que  é mal visto
Ainda que benquisto...

Insaciedade

Olhei-te.
Indaguei-me horas com o que a humanidade
Tenta descobrir há eras.
Por que choraste ? Se dei-te sempre o que quiseras ?
Por que cobraste de mim a exclusividade, a restrição
Enquanto eu quis-te sem piedade, sem compaixão
De mim mesmo, sem perdão
O que para muitos é loucura, até alienação,
Dei-te inclusive o meu Sofrer, o meu pranto
Fiquei à mercê desse imensurável sentimento
Tanto quanto as estrelas
Que sozinhas e unidas,
Perpetuam por céus e vidas,
Sem perderem seu brilho e encanto.

Buraco Negro

Faz frio numa rua em chamas
Em cacos, cem casos, quem chama?
Quem encanta, espanta.
Fazendo malabarismos no semáforo,
Cai. - Levanta!
Se for desistir em qualquer queda, é melhor desistir da tua vida.
- Lute! Mas não agrida.
Use a inteligência que te deram.
Quem deram? Quem deu ? Que Deus ? Quem é Deus ?
- Reaja, não se entregue.
Só está vivo quem segue as trilhas deste mundo, veemente
Não mente! Use a verdade que aprendeu.
Tu não sentes ? Tudo isso foi o mundo que te deu.
Que tudo ? Que é isso ?
Fome, miséria, tristeza, "rubéolas"
Omisso ? Nada disso.
Pego nas armas que lavam a minha mão
De trabalho, de escravidão.
O preconceito é rotineiro,
Hoje empresários, ontem fazendeiros,
A nobreza é branca, limpa e límpida
Preto pobre, sujo, alma insípida.
Anos de escuridão, transformaram o escuro no vilão.
Negro que deu duro, para na mesa do branco por o pão.


PobrÃO

Faltou biscoito na dispensa do patrão
No barraco é artigo raro
Só pra rara ocasião
O resto do mês amarga
O sabor triste do velho pão,
Tão duro quanto a vida do peão.
Sorvete então, é coisa de barão
Pras crianças uma emoção,
Que só chega no verão.
No carro grande que não é o rabecão.